(Imagem do SKYSCRAPERCITY.COM http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=348654 )
Há alguns anos, não
mais, eu olhava para o céu e dizia quando iria chover, esfriar,
fazer calor... É claro que eu tinha a minha previsão sempre dentro
de uma faixa de probabilidade baseada nos sinais e características de
cada estação do ano, na minha cidade.
(Foto de termômetro em Cuibá - registrando 47ºC - Blog da Noiva Cuiabana http://noivacuiabana.blogspot.com/2011/04/cuiaba.html )
Nasci e vivi em Cuiabá,
Mato Grosso até 2003, cidade hoje nacionalmente conhecida como a capital mais
quente do Brasil; mas nem sempre foi assim tão quente.
(Foto e descrição do site COPA NO PANTANAL http://www.copanopantanal.com.br/?p=cuiaba )
Na minha infância,
quando Cuiabá tinha pouco mais que vinte mil habitantes, os casarões
eram grandes, altos, com incontáveis janelões e portas que se
abriam para uma área interna avarandada. Embora algumas casas não
tivessem beiral, eram todas frescas, pois as paredes eram feitas de
adobe e mediam de 40 a 60 cm de espessura. As telhas de barro e o
madeiramento bem alto, entre o forro e o cume do telhado, abrigava altura suficiente para mais dois pisos iguais ao térreo. Porem, esse espaço era
preenchido somente pelo ar morno, que ficava preso entre o forro e as
telhas, isolado do ambiente das pessoas.
(Parque Mãe Bonifácia - Bairro Santa Helena e Quilombo - foto do site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=322357)
Nas áreas externas das
construções o verde era de tal maneira predominante que rendeu à
cidade o apelido de CIDADE VERDE. As pessoas que aqui chegavam de
avião quase não conseguiam ver as edificações, pois as árvores
frondosas e abundantes chegavam a cobrir parte dos telhados. Até os
meus 10 anos vivi em uma casa dessas, cuja porta principal abria
diretamente na rua.
(http://www.bomestaremcasa.com.br/wp-content/uploads/2010/12/Cb%C3%A1-MT.jpg)
Eram mangueiras, oitis,
flamboyants, chuvas de ouro, sibipirunas e outras espécies usuais em
paisagismo urbano. Em praças haviam palmeiras, coqueiros variados,
arbustos florais, carramanchões de trepadeiras e bougainvilles
coloridos.
(Acervo fotográfico da Prefeitura Municipal de Cuiabá)
Com o progresso, as
construções e os prédios tomara o lugar dos pomares nos quintais
do centro da cidade e a nossa Cuiabá passou de calorosa a sufocante.
A densidade populacional, o aumento das áreas pavimentadas, dos
paredões dos prédios que são como superfícies refletoras de
calor, a falta de substituição das árvores velhas que pereceram
pela idade e por quedas... tudo isso contribuiu para os graus a mais
que tem sido registrados a cada ano.
(Acervo fotográfico da Prefeitura Municipal de Cuiabá)
Apesar de a cidade ter
abundância de águas a servir os seus recantos, córregos menores
viraram dutos e esgoto sanitário, e os nossos Rios Cuiabá e Coxipó
já não são mais os mesmos com tantos dejetos sendo neles lançados
a cada dia. Nos dias de verão em que não chove, os termômetros
sobem rapidamente à marca dos 49 graus, deixando todos os cidadãos
e visitantes desidratados, pela abrupta queda na umidade do ar,
provocada pelos ventos mornos.
(Rio Cuiabá, Ponte Sérgio Mota e região central - uma das 3 mais densas da capital matogrossense - foto do site SKYSCRAPERCITY,COM http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=348654 )
Há 10 anos vivendo no
interior do Estado, atualmente em Lucas do Rio Verde, vejo o fenômeno
do aquecimento se instalar nas pequenas cidades com assustadora
rapidez, pois o agronegócio trouxe consigo o progresso e seus
efeitos colaterais.
Os imigrantes que aqui
chegaram com sua força empreendedora e laboral, permaneceram
agarrados aos seus costumes de cidades com temperaturas mais baixas,
como forma de amenizar a saudade do local de origem. Não se
acostumaram a plantar frutíferas em seus quintais ou jardins,
tampouco nas ruas e avenidas. Implantaram suas preferências por
extensos gramados e alguns pequenos arbustos, que não dão sombra.
As avenidas são soberbamente ladeadas de elegantes palmeiras e
coqueiros, e ao centro arbustos floridos.
(Lucas do Rio Verde - MT - http://www.radiosorriso.com.br/medias/photo/27_04_2011_10_28_25.jpg )
O panorama geral da
cidade é muito agradável, mas esse modelo adotado no paisagismo
urbano promete se tornar um agravante na escalada do aumento de
temperatura ambiente. As poucas árvores que restam nas ruas são
podadas em forma de bolinhas, insuficientes para fazer sombra que
diminua a insolação nas superfícies pavimentadas das vias
públicas. Isso, sem contar o fato de grande parte da mata nativa da
região já ter dado lugar aos internacionalmente famosos campos de
agricultura do município que mais produz e exporta no mundo.
Hoje o dia amanheceu
ensolarado e quente. À tarde caiu uma chuva pesada, para felicidade
dos que já colheram a soja e plantaram o milho: não pode ficar mais
de 4 dias sem chover, senão o prejuízo é certo. À tardinha, para
nossa surpresa, os termômetros baixaram a 21º em pleno verão,
depois dos últimos dias sustentando 30º após o por do sol.
(Lucas do Rio Verde - Av. Mato Grosso - site SONOTICIAS.COM.BR )
Realmente, como
meteorologista amadora não estou conseguindo mais prever tanta coisa
com base nas minhas observações passadas. Contudo, acredito que se
não houver um maciço plantio de árvores que produzam sombra nos
centros urbanos, nossas cidades matogrossenses se tornarão tão
quentes quanto a capital Cuiabá, porém sem o famoso “calor
humano”.
(Foto do Blog VARAL DA LAURA - http://lauramertenpeixoto.blogspot.com/2012/02/te-inspira-lajeado.html )
oi Helena
ResponderExcluirque lindo esse lugar... amei mesmo...
depois posta e me avisa sobre a maleta que fez para seu filho. deve ter ficado linda!!!
um grande bjo