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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ALAH LA Ô, MAIS QUE CALOR!!!




Há alguns anos, não mais, eu olhava para o céu e dizia quando iria chover, esfriar, fazer calor... É claro que eu tinha a minha previsão sempre dentro de uma faixa de probabilidade baseada nos sinais e características de cada estação do ano, na minha cidade.

(Foto de termômetro em Cuibá - registrando 47ºC - Blog da Noiva Cuiabana http://noivacuiabana.blogspot.com/2011/04/cuiaba.html )

Nasci e vivi em Cuiabá, Mato Grosso até 2003, cidade hoje nacionalmente conhecida como a capital mais quente do Brasil; mas nem sempre foi assim tão quente.

(Foto e descrição do site COPA NO PANTANAL http://www.copanopantanal.com.br/?p=cuiaba )

Na minha infância, quando Cuiabá tinha pouco mais que vinte mil habitantes, os casarões eram grandes, altos, com incontáveis janelões e portas que se abriam para uma área interna avarandada. Embora algumas casas não tivessem beiral, eram todas frescas, pois as paredes eram feitas de adobe e mediam de 40 a 60 cm de espessura. As telhas de barro e o madeiramento bem alto, entre o forro e o cume do telhado, abrigava altura suficiente para mais dois pisos iguais ao térreo. Porem, esse espaço era preenchido somente pelo ar morno, que ficava preso entre o forro e as telhas, isolado do ambiente das pessoas.

(Parque Mãe Bonifácia - Bairro Santa Helena e Quilombo - foto do site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=322357)

Nas áreas externas das construções o verde era de tal maneira predominante que rendeu à cidade o apelido de CIDADE VERDE. As pessoas que aqui chegavam de avião quase não conseguiam ver as edificações, pois as árvores frondosas e abundantes chegavam a cobrir parte dos telhados. Até os meus 10 anos vivi em uma casa dessas, cuja porta principal abria diretamente na rua.

(http://www.bomestaremcasa.com.br/wp-content/uploads/2010/12/Cb%C3%A1-MT.jpg)

Eram mangueiras, oitis, flamboyants, chuvas de ouro, sibipirunas e outras espécies usuais em paisagismo urbano. Em praças haviam palmeiras, coqueiros variados, arbustos florais, carramanchões de trepadeiras e bougainvilles coloridos.

(Acervo fotográfico da Prefeitura Municipal de Cuiabá)

Com o progresso, as construções e os prédios tomara o lugar dos pomares nos quintais do centro da cidade e a nossa Cuiabá passou de calorosa a sufocante. A densidade populacional, o aumento das áreas pavimentadas, dos paredões dos prédios que são como superfícies refletoras de calor, a falta de substituição das árvores velhas que pereceram pela idade e por quedas... tudo isso contribuiu para os graus a mais que tem sido registrados a cada ano.


(Acervo fotográfico da Prefeitura Municipal de Cuiabá)

Apesar de a cidade ter abundância de águas a servir os seus recantos, córregos menores viraram dutos e esgoto sanitário, e os nossos Rios Cuiabá e Coxipó já não são mais os mesmos com tantos dejetos sendo neles lançados a cada dia. Nos dias de verão em que não chove, os termômetros sobem rapidamente à marca dos 49 graus, deixando todos os cidadãos e visitantes desidratados, pela abrupta queda na umidade do ar, provocada pelos ventos mornos.

(Rio Cuiabá, Ponte Sérgio Mota e região central - uma das 3 mais densas da capital matogrossense - foto do site SKYSCRAPERCITY,COM http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=348654 )


Há 10 anos vivendo no interior do Estado, atualmente em Lucas do Rio Verde, vejo o fenômeno do aquecimento se instalar nas pequenas cidades com assustadora rapidez, pois o agronegócio trouxe consigo o progresso e seus efeitos colaterais.

Os imigrantes que aqui chegaram com sua força empreendedora e laboral, permaneceram agarrados aos seus costumes de cidades com temperaturas mais baixas, como forma de amenizar a saudade do local de origem. Não se acostumaram a plantar frutíferas em seus quintais ou jardins, tampouco nas ruas e avenidas. Implantaram suas preferências por extensos gramados e alguns pequenos arbustos, que não dão sombra. As avenidas são soberbamente ladeadas de elegantes palmeiras e coqueiros, e ao centro arbustos floridos.


O panorama geral da cidade é muito agradável, mas esse modelo adotado no paisagismo urbano promete se tornar um agravante na escalada do aumento de temperatura ambiente. As poucas árvores que restam nas ruas são podadas em forma de bolinhas, insuficientes para fazer sombra que diminua a insolação nas superfícies pavimentadas das vias públicas. Isso, sem contar o fato de grande parte da mata nativa da região já ter dado lugar aos internacionalmente famosos campos de agricultura do município que mais produz e exporta no mundo.



Hoje o dia amanheceu ensolarado e quente. À tarde caiu uma chuva pesada, para felicidade dos que já colheram a soja e plantaram o milho: não pode ficar mais de 4 dias sem chover, senão o prejuízo é certo. À tardinha, para nossa surpresa, os termômetros baixaram a 21º em pleno verão, depois dos últimos dias sustentando 30º após o por do sol.

(Lucas do Rio Verde - Av. Mato Grosso - site SONOTICIAS.COM.BR )

Realmente, como meteorologista amadora não estou conseguindo mais prever tanta coisa com base nas minhas observações passadas. Contudo, acredito que se não houver um maciço plantio de árvores que produzam sombra nos centros urbanos, nossas cidades matogrossenses se tornarão tão quentes quanto a capital Cuiabá, porém sem o famoso “calor humano”.

Um comentário:

  1. oi Helena
    que lindo esse lugar... amei mesmo...
    depois posta e me avisa sobre a maleta que fez para seu filho. deve ter ficado linda!!!
    um grande bjo

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